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O que o câncer te ensinou?

Nos últimos tempos, tenho pensado sobre quão superficial anda a vida das pessoas de um modo geral... Jeito estranho de começar um texto, né?


É que a gente vê a repercussão de um vídeo íntimo de um ator nas redes sociais e fica meio atordoad@... Por que isso se torna tão importante e atrativo pra algumas pessoas?


Da mesma maneira, por que há quem ria de piadas inspiradas pela morte trágica e prematura de um artista? Por que, ao invés de celebrar toda beleza e grandiosidade de feitos dos jogos Olímpicos e Paralímpicos, alguns se queixam dos resultados, ofendem atletas por seus desempenhos, cobram medalhas...? Com base em quê julgam, criticam e explicam por que motivos sórdidos um casal de artistas adotou uma criança africana?


Meio na linha do "qual o sentido da vida?", te convido a pensar em qual o sentido da sua vida e o que mudou depois do diagnóstico do câncer. O que é importante pra você hoje? A que você é grat@? Você é grat@? Que pontes você construiu? Quais você derrubou? O que te levou a isso? Quais as pedras do seu caminho?



A vida é um intervalo. Dura um tempo restrito, ainda que não saibamos quando será o nosso último dia, ou como deixaremos de viver. Justo por isso, como chegamos ao ponto de julgar tanto como outras pessoas vivem a vida delas?


Se você tira o seio, se usa peruca, se raspa a cabeça, se muda de médico ou o tratamento... Muitos também estão prontos para opinar sobre isso, e você deve ter percebido. Uma atriz internacional resolveu fazer a mastectomia preventiva e pronto: uma avalanche de julgamentos e opiniões.


Como você vive a sua vida? O que você constrói? A que direitos se dá? Esqueça o câncer por um momento e pense: esta é a vida que você gostaria de viver se pudesse escolher? Falta algo? Sobra algo?


O câncer é um baita professor... É exigente e duro, daqueles que muitos detestam. Mas ensina muita gente na marra sobre o que realmente importa na vida. E, como na escola, nem todo mundo aprende, nem todo mundo aceita a lição.


Esse aqui é um convite à sua reflexão: a que você dá valor? Que palavras valem a pena ser ditas? Quais são desnecessárias? Que esforço você aceita fazer por você mesm@? Quanto vale se dedicar a quem está tendo a vida ameaçada por uma doença tão cruel? O que realmente importa pra você?


Vejo as pessoas fazendo tanta questão das tais "palavrinhas mágicas" - obrigad@, por favor, desculpe, bom dia, com licença, tudo bem?.. E também o quão automático é dizer essas palavras hoje em dia, quando o tempo é curto, a pressa urge e há tanto o que fazer. Você agradece por educação ou realmente se sente grat@? Seu "por favor" é obrigatório ou você reconhece que precisa de outras pessoas e de coisas que elas fazem pra te ajudar? "Bom dia" e "tudo bem?" são os tais bons modos ou você usa pra cultivar relações e transmitir algo bom aos outros?


É claro que nada nessa vida é obrigatório e você não precisa desatar longas conversas cheias de significado com porteiros, recepcionistas, médicos, vizinhos... Se quiser fazê-lo, espero que seja bom e válido pra você, mas sabe aquela pessoa que está logo aí, do seu lado? Você já olhou pra ela de verdade hoje? Afinal, nem todo mundo tem câncer, mas todo mundo tem suas dores, seus medos, suas ameaças...


Meu desejo é que você viva sua vida da forma mais plena e prazerosa que puder. Que você não se culpe, mas também não seja um(a) irresponsável com os outros. Que você, ainda que precise de cuidados, cuide também das suas relações. O outro não muda? Você também é responsável. O outro não entende? Explique de outra forma. Relacionar-se não é fácil, mas cortar relações também não (ou é?).


Este é um post mais "existencial", mas acredito que não haja momento mais propício pra essa reflexão do que agora. Muitas vezes ela acontece naturalmente no momento seguinte à "perda do chão" que o diagnóstico causa. E muitas vezes deixamos pra lá porque não são lá coisas muito simples e fáceis de se encarar. Não sei qual é o seu caso, mas, na minha experiência, esse exercício costuma tirar algum peso das costas e mesmo melhorar relacionamentos.


Pra encerrar, deixo como sugestão que você assista a este vídeo: EU MAIOR.


Se desejar, envie um comentário sobre o que você achou pela aba Contato.


Um grande abraço e uma ótima semana!

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