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Sobre amar quem enfrenta o câncer


Não é preciso ter câncer pra saber que é uma barra... Tanto é que todo mundo tem medo dessa doença, há ainda quem nem queira ouvir falar ou mesmo pronunciar o nome. Já falamos sobre isso e sobre os cuidados que os cuidadores precisam ter consigo mesmos.


Mas como é apoiar quem tem a doença? Fora os cuidados básicos, do dia-a-dia, como motivar sua pessoa amada a enfrentar o câncer com coragem e afirmação?



Na última semana, Suzana Gullo Mion, esposa de Marcos Mion, postou em sua rede social uma despedida bem humorada da quimioterapia a que foi submetida, em função de um câncer de mama. Suzana teve um diagnóstico precoce, graças ao marido, e conta que está para iniciar a radioterapia, etapa que encara de maneira franca e aberta.


Parece só mais uma história de uma mulher conformada com seu tratamento (mas não com sua doença) e que está vencendo. Mas o que chama a atenção, além da dedicação e bom humor com que ela aparenta lidar com essa situação, é o apoio do marido famoso.


Marcos Mion postou, também nessa semana, um texto em que fala da barra pela qual a família passou com o diagnóstico, e também alertando sobre o fato de o câncer de mama não ter preferências: ele surge na vida de pessoas de qualquer cor, raça, credo, idade e comportamento, e a conscientização a respeito do auto-exame e da rotina preventiva são extremamente importantes pois pode salvar vidas.


Para ler os textos de Marcos e Suzana, clique aqui.


Agora, cá pra nós... É uma história bonita. Mas será que os maridos e esposas têm a dimensão da importância do seu apoio?


Apoiar não significa apenas dar aquela carona pra ela até o hospital, ou fazer a comida de que ele gosta. Estar junto é importante, mas pode ser melhor. Pra quem tem câncer, não há nada mais devastador do que sentir que as pessoas estão sumindo do seu lado e, principalmente, que o marido, esposa, namorad@ se afasta.


Claro, temos que considerar que, em geral, esse afastamento acontece por medo - de sofrer, de dizer ou fazer algo errado.


Da mesma forma que se espera que as pessoas que têm o diagnóstico enfrentem a doença com coragem, @s parceir@s são cobrados pela mesma postura. Mas não é fácil. Não ter a doença no próprio corpo não a torna menos ameaçadora: muita coisa entra em jogo.


O câncer de mama (ou ginecológico, de próstata, de cabeça e pescoço, ou uma ostomia) pode transformar a imagem e a sexualidade de alguém. Agora imagine encarar um tratamento com um medo constante de ser abandonad@. Ou, talvez pior, sentindo-se culpad@ por ter a doença e isso mudar a vida da outra pessoa. É aí que a ansiedade atinge picos, o sono se altera, o apetite muda - o que bagunça o sistema imunológico e piora a resposta ao tratamento.


Pois, infelizmente, é o que acontece com muita gente. Por isso, a sua participação pode fazer muita diferença no humor e, consequentemente, na forma como uma pessoa enfrenta o câncer e nos resultados do seu tratamento. Por onde começar?


  • Acompanhe ativamente o tratamento: procure entender o diagnóstico, tirar dúvidas, falar com a equipe de saúde sobre o tratamento.

  • Converse: fale sobre esse processo, os medos que você sente, ouça sobre os medos que seu/sua paciente amad@ tem, as dúvidas, falem sobre as decisões que precisam ser tomadas (com cuidado pra dar sua opinião mas não impor nada).

  • Toque: fique perto, abrace, faça um carinho de vez em quando, toque, com cuidado, a área do corpo dele/dela que foi afetada pelo câncer, elogie os pontos positivos que você observa n@ paciente que você ama diante dessa nova realidade.


Participar ativamente de tudo isso faz com que o seu desconhecimento diminua (e com ele um pouco do seu medo) e a segurança que a pessoa que está em tratamento sente fique cada vez maior. Isso muda a disposição de quem se trata.


Tenho certeza de que saber como agir não é nada fácil. Cada relacionamento tem suas particularidades, cada pessoa sente as coisas de um jeito muito único. Por isso, caso sinta que precisa de ajuda, não hesite em pedir.


Se você leu esse texto até aqui, acredito que se preocupe e queira fazer sua parte. E isso já é um grande passo! Continue caminhando...


Um grande abraço e até a próxima!





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